sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Um ano diferente!

Não costumo fazer balanço do ano, ou previsões e promessas para o ano que vai chegar, mas este ano tenho que fazer as minhas análises.

Hoje faz um ano que recebi a última alta do hospital, não foi por conta da quimio que fiz no início do mês de Dezembro, mas sim consequência da mesma, pq tive uma infecção nos pulmões e foi muuuiitooo complicado. O meu ano de 2011 começou bem por que estava em casa embora, bem fraquinha, mas feliz por estar com quem amo. Minha mãe fez uma comida especial, simples mas muito gostosa.

Fui aos poucos "tentando" levar a vida normalmente, cheia de medo,CARECA, angustiada com a possibilidade/certeza de que a leucemia iria voltar, este era o meu prognóstico. Fui fazendo os exames, tomando os cuidados que a médica mandou, comecei um regime com acompanhamento de nutricionista,  fiz tudo como deve ser, fui uma menina bem comportada! :)

Até que um dia a minha médica me deu a melhor notícia que podia esperar, a alteração genética que a minha doença tinha, é mesmo isso TINHA, foi negativada ou positivada, até hoje me confundo com isso, bem resumindo, isso quer dizer que estava mesmo LIVRE da leucemia, livre quero dizer, estou com menos riscos, os 5 primeiros anos são para ter muito cuidado, mas os mais críticos são os 2 primeiros e 1 ano e meio já se foi!!!! Agora sou como qualquer outra pessoa neste sentido, meu organismo esta limpinho da silva!!!

Foi uma lufada de ar fresco na minha vida, e um empurrão para me dedicar ainda mais ao curso que eu queria, logo serei Esteticista Cosmetologista...com muito orgulho.

Mas este ano também recebi outro presente muito especial, 2 sobrinhos lindos, perfeitos e maravilhosos, a Izabel e o Miguel, minhas riquezas que por muito esforço dos meus pais vieram nos visitar em Portugal. Foi um mês mágico, todos os dias com muita ansiedade esperavamos os pimpolhos acordarem, quando não eramos nós a fazê-lo, para que todos juntos na minha cama pudessemos assistir o Canal Panda. Foi bom estar junto das minhas irmãs, fazia tanto tempo que eu não sabia o que era ter a família quase toda reunida - estava faltando a Giovanna minha sobrinha mais velha e os meus cunhados - quanta saudade de chegar em casa e ter um sorriso gigante a minha espera, ou perceber que elas estavam contando os minutos para que nós chegassemos da rua, que saudade da casa cheia. Amo-as com todo coração.

Ah, e também recebi outra visita do Brasil, foi a minha prima Renata e o marido Izaias, também foram bons momentos, nesta altura já estava bem de saúde e fizemos imensos passeios, foi tão bom, meu marido quase que virou surfista profissional junto com o Izaias... hihihihi...


Foram muitas conquistas, conheci pessoas muito especiais, outras foram morar no céu para brilhar todas as noites por nós, chorei de alegria, de tristeza, de emoção, ri muito, estou me encontrando novamente, fiz pessoas sorrirem comigo, vivi intensamente este ano e pretendo continuar a fazer o mesmo no próximo, e no próximo, e no próximo.....

Vou continuar a não fazer promessas de Ano Novo, mas podem ter certeza de que vou continuar aqui, firme, forte, linda, maravilhosa, e CABELUDA!!!!

Aos que continuam na luta contra tantas doenças espero sinceramente que Deus, Alá, Buda, Maomé, Jeová ou qualquer que seja a vossa fé os ajude a superar as batalhas que virão.


DESEJO A TODOS UM EXCELENTE ANO NOVO!!!


                                          Fim de Ano em 2010, eu era uma semi-careca!
                                               



                                          Fim de Ano 2011, eu sou uma cabeluda que até já dá para fazer escova!!!  uhuuuu - estou de pijamas nesta foto pq é o preferido do meu sobrinho Miguel, que toda vez que ele vinha no meu colo ele tentava apanhar com as mãozinhas as tartarugas  lol                          

sábado, 3 de dezembro de 2011

Construindo...

Muitas vezes deixo que a minha mente vague, e julgo que é bom, pq muitas vezes me pego a pensar em coisas interessantes, outras nem tanto. Reflecti muitas vezes sobre a minha doença e como ela me afectou, é incrivel e ao mesmo tempo assustador. Esta semana faz um ano que fiz a última quimioterapia, tanta coisa aconteceu desde então.Não digo somente a niveis físicos, mas o psicológico também.

Quando algo tão devastador e aterrorizante acontece na nossa vida é complicado colocar todos os sentimentos no lugar e saber lidar com tudo, ao mesmo tempo, a insegurança, a familia, os receios, enfim...

Noutro dia estava no metro, agarrei no meu "notebook" e deixei-me levar pelo momento e escrevi assim:

"O que esta doença me levou:
- levou meu sossego,
- minha paz;
-minha tolerância;
- alguns sonhos;
- a alegria de viver despreocupadamente;
- meu sorriso ..... "

Li, isso algum tempo depois mas também percebo, que esta doença também me deu muito...

Me deu uma segunda chance,me fez pensar sobre o que realmente é importante, me fez sentir única
amada, não que eu não soubesse que era, mas nunca me senti tão amada, fez despertar em mim uma vontade louca de lutar, seguir em frente, vestir o que me dá vontade, passar perfume para estar em casa, dizer as pessoas o quanto elas são especiais para mim, usar roupa nova quando me apetece, pq aprendi que todos os momentos são especiais, que nunca devemos deixar nada para depois.Estou vivendo uma fase de descobertas, reorganizando as idéias.

As vezes me assusto com as minhas actitudes, pq estou me tornando uma pessoa melhor, frontal, e muito mais próxima daquilo que sempre quis.

Sou uma mulher, linda, sensual, timída, amiga, menina, mas também sei ser má, autoritária, egoísta e tantas outras coisas mais, o que quero dizer com isso é que sou normal, que a estufa de vidro que sempre rodeou a minha vida, foi embora, quebrou. Sou livre, e não tenho medo, digo não vou deixar mais que o medo domine os meus dias....

É estranho dizer tudo isso, mas é assim que me sinto, estou aprendendo também que não posso e não devo agradar a todos, pq eu também não agrado, estou aprendendo usar a palavra EU.


Outra coisa que queria deixar registrado, é que muitas vezes as pessoas entram nas nossas vidas e não sabem as marcas que deixam nela, algumas vezes vem e simplesmente ficam -ainda bem-, e há aquelas que mesmo que por breves momentos fazem uma grande diferença e acrecentam conhecimentos, sentimentos e nos ajudam a fazer descobertas para a vida. Acredito fielmente que nada nesta vida é por acaso, e sei, que as pessoas que estão passando pela minha vida agora é por um motivo muito simples, para deixá-la melhor. Conviver com pessoas tão diferente de mim é espetacular. Obrigada!

Aprendi a duras penas que a vida é somente uma e deve ser vivida na sua plenitude!!!!

Resumindo, sou única, não sou perfeita, sou amada e amo com todo o meu coração!!!!!


sábado, 26 de novembro de 2011

Algum Tempo Depois...

Olá queridos,

Então, já tem um tempão que não ando por estas bandas, mas é que esta nova vida tem me consumido muiiiito.

A tempos atrás meus sobrinhos vieram do Brasil e foi um mês maravilhoso de se viver, foi uma bagunça organizada muito boa de se viver...

O curso de estática esta a correr bem e tem tomado todo o meu tempo, tanto que nem consigo bordar mais, mas nem por isso estou chateada.

Fiz exames a 10 dias e esta tudo a correr como deve ser, mas confesso que andei com as neuroses, e tenho lutado contra o medo que tem assolado os meus dias, afinal, foram tempos complicados. Por isso tenho estado ser seguida por uma psicóloga, é muito giro, e sinto-me bem com a terapia....

Bom também quero divulgar o blog de uma amiga é um concurso e espero que gostem.

Beiji nhos



http://sandratez.blogspot.com/2011/11/sorteio-sleek-berry-collection.html

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

NEGATIVO!!!

Esta semana recebi uma noticia boa, a minha alteração genética mudou, isso quer dizer que com isso neste momento não tenho a doença em nenhuma parte do corpo e que não é tão latente a possibilidade de voltar a ter a doença.

Não quer dizer que estou safa, loge disso e também tenho consiência disto, não posso festejar a 100% mas da um novo folego, pois este marcador estando activo dava indicios que ela voltaria a qualquer momento.

Estou vivendo uma nova fase!!!

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Por aqui...

Outro dia estava a espero do metro agarrei no meu bloquinho- sim, agora carrego um bloquinho "desabafo" - e escrevi sobre o que a doença me levou. Nem eu sabia que esta bendita tinha me tirado tanta coisa. Prometo que outra hora coloco aqui o texto.

Ando muito sumida por que estou a tirar um curso de estetica e cosmético, vou ser Esteticista Cosmetologista, nome pomposo né?? lol Estou gostando muito, é muito mais complexo do que eu pensava, temos aulas de Anatomia, Química, Legislação, Fisiologia, dentre outras.

O tico e o teco estavam congelados e parece que agora é que estão querendo acordar....huahuahauhau... é tão bom perceber que a vida esta tomando um rumo bom.

Quanto a doença, fiz consulta semana passada, e as coisas estão assim assim, no mielograma, aquele exame que tira sangue da bacia, não deu para vêr direitinho, pq havia poucos glândulos (sei lá se é assim que escreve), as análises estão relativamente boas. Então a minha médica disse que continua tudo na mesma...menos mal, fiquei contente, mas não aliviada.

Resolvi colocar meu hobby num blog, vamos vêr como corre, é tão bonitinho.

Beijinhos a todos que por aqui passam, e um muito obrigada a quem me inclui em suas orações.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Mais um dia...

Então, mais uma vez enfrentei o medo, agarrei o telefone e liguei a médica. Mandou-me ir hj ao hospital para fazer análises e vêr como estão as coisas.

Bom, as plaquetas não estão lá grande coisa assim como os leocócitos, mas ela disse que não era pra me preocupar, eu sinceramente continuo preocupada, pois, sinto-me exatamente como me sentia na altura que descobri a doença, bom, o que eu podia fazer eu fiz, agora é  esperar.

Tem uma coisa que me incomoda muito quando vou ao hospital, é ficar sabendo que mais alguém foi vendido pela doença, fico ainda mais chateada quando é alguém que eu gosto, neste caso um jovem de mais ou menos uns 35 ou 37 anos, não mais do que isso, com uma esposa linda, carinhosa, com filhos adolescentes e cheio de vontade de viver. Que Deus conforte a sua familia e que descanse em paz.

Também descobri que uma querida amiga voltou ao hospital com uma recaída, apesar de tudo ela esta bem animada, é uma senhora de uma certa idade com 4 filhos, rimos muito, fiz-me de forte para não chorar, ela chorou e eu fiz de conta que não via, conversamos sobre futilidades, sobre a família, mas tbm sobre a nossa doença. Quando me despedi dei um abranço forte, e lhe disse que gosto muito dela, o que é realmente verdade. Estou cansada de perder pessoas que fazem parte da minha vida...força querida vais vencer!!!

Bom conforme as coisas forem evoluindo volto aqui!!!

segunda-feira, 16 de maio de 2011

É tudo tão inconstante.

Tenho evitado falar sobre a doença, e por isso tenho me intertido com os bordados para os meus sobrinhos e o filho de uma amiga querida, me habilitei até a aprender crochet, ganhei de aniversário dos meus amigos mais queridos uma máquina de costura, não sei costurar NADA, mas força de vontade não me falta para aprender.

Estou bordando coisas bem lindinhas, é muito bom a cabeça não pensa em mais nada a não ser naquilo q estou fazendo, mas estou preocupada.

Na semana passada apareceu uma manchinha no meu braço, preferi ignorar e dizer q não era nada, e disse q se saisse mais eu ia ao médico, mas de quinta para cá tenho sentido um cansaço igual ao de quando "estava" doente, é um cansaço diferente, amolece o corpo, dói tudo ao mesmo tempo q não dói nada. Estou cheia de medo.

Na semana passada me esforcei mais com as caminhadas e talvés seja somente isso, por isso hoje fiz uma caminhada bem levezinha, pq eu estava caminhando cerca de 1 hora em ritmo acelerado. É horrivel essa incerteza, esse medo, essa angústia!!!!

Espero que passe e que não seja nada! Estou cansada de lutar quero minha vida de volta!!!!

quinta-feira, 12 de maio de 2011

sábado, 9 de abril de 2011

Momento de desconcentração no Inatel Costa da Caparica.

Pelo Caminho....

Hoje decidi falar das pessoas que fazem parte da batalha, as que ficam pelo caminho, e as que deixam marcar profundas em nossas vidas.

Como sabem no hospital nunca ficamos só, no mesmo quarto são quatro camas, ou seja, é você e mais três, as vezes é felizmente e outras nem tanto. Tem sempre um que reclama da tv, da luz, tem os que por conta da doença perdem também a sanidade mental, e sinceramente acho que isso é muito triste, tem os que se não tomarem o banho primeiro ficam de mal o dia todo, os que não querem dormir, os que te perturbam mesmo dormindo, mas também tem os que são doces, os que mesmo com imensas dores se preocupam com você, os que te animam quando você chora, os que não te deixam desistir.

No primeiro internamento conheci muita gente, e sei que nunca as vou esquecer, a minha primeira experiência menos boa, foi a srª A. ela era muito caladinha, um rostinho meigo, mas com olhos triste, tinha uma filha muito amorosa, e foi a primeira morte que "presenciei", a cama dela era ao lado da minha, e é impressionante como de um dia para o outro vemos a pessoas definhar tão rapidamente, era uma senhora de idade avançada, e o coração dela comecou a bater bem devagarinho até que parou, acordei de madrugada quando ouvi o som do ziper fechando o saco em que a colocaram. Confesso que não é nada agradavel e que não nos acostumamos com essas perdas.

Para a cama da srª A. veio outra senhora, ai que compania agradavel, falante, animada, carequinha como todas nós, apesar de estar a lidar com uma recaída estava confiante, conversavamos muito, apesar da avançada idade a senhora tinha uma mente muito aberta e atualizada, muito ativa. Muitos enfermeiros quando souberam que ela estava lá novamente foram visitar, pois no seu internamento anterior ela tinha ficado em coma por 15 dias e saiu do hospital numa maca, voltou andando e falando normalmente e todos a abraçavam e diziam "esta Dona M.A é uma vencedora", acho que alguns a foram vêr mesmo por curiosidade. Ela algumas vezes me "impediu" de chorar, me deu forças e me animou, só por ela é que eu ficava até a meia noite e tal a vêr as novelas da TVI. Soube mais tarde que ela falecera, mas a guardo com muito carinho em meu coração.

Num dia ensolarado entra pelo meu quarto uma moça bem carequinha (como isso não fosse anormal) empurando seu boby( é aquele suporte do soro, os nossos tem rodinhas), com um mp3 toda animada a cantarolar, para na porta e diz: "vim conhecer quem me vai fazer compania nesta hospedagem", era a S. uma moça de 35 anos aproximadamente, com um filho pouco mais velho do que o meu, um marido carinhoso e que aparentava gostar muito dela, como eram de longe vinham aos domingos e passavam o dia todo lá. Mesmo nos piores dias a S. nunca estava mal disposta, era incrivel. Eu penso que não sou má paciente mas quase não saia do quarto, e ela não, passava o tempo andando de lá pra cá, falava com toda gente, cantarolava sem parar com seus fones do ouvido, tinha bom papo, era bonita, religiosa, membro ativo na comunidade aonde morava.

Para mim foi um dos piores momentos que passei, num dos últimos internamentos eu estava nas urgências do serviço de hematologia e lá não tem chuveiro, temos q tomar banho nos quartos de internamento, a auxiliar nos leva até lá, e quando entrei no quarto aonde estava a S. quase tive um treco, ela estava o dobro do tamanho (mas por estar inxada) somente de fraldas, com o oxigênio, toda manchada, olhou para mim e disse "olá Renata, tás boa?" eu disse que sim e perguntei como ela estava, ela me disse "estou ótima, logo isso passa".

Fui transferida para um quarto ao lado do dela, isso aconteceu numa terça e ela faleceu na noite de quinta para sexta, da minha cama eu ouvia os seus gemidos, e todas nós sabiamos o que estava para acontecer. Choramos, ficamos de luto.

Tocou-me por imensos motivos, mas acredito que me identifiquei muito com ela, por termos idades próximas, personalidades parecidas, filhos na mesma faixa etária, a doença era do mesmo tipo, ela era muito especial, todos sentimos muito a sua partida.

Tenho muitas outras histórias para contar, muitos outros personagens, guardo-os com carinho em meu coração.

Numa próxima oportunidade falo de outras histórias.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Um pequeno fator.

Bom já veio o resultado de compatibilidade das minhas irmãs, e infelizmente não são compativeis comigo. Desta vez estava preparada para qualquer resposta então foi mais fácil de aceitar, o que me incomoda é o Fator Surpresa, detesto ser pega desprevinida.

Estou a espera do que minha médica decidir, se avançamos para a lista de doadores ou se mantem como esta e vou fazendo as manutenções, ela me disse que há muitas pessoas na mesma situação que a minha e que fazem a vida normal. É tudo que estou esperando uma "definição" neste mar de indefinições. Quero poder procurar trabalho e tentar também retomar a minha vida.

Eu descobri que gosto de ficar em casa, na minha tranquilidade, com os meus singelos bordados, as descobertas culinárias e o desafio de aprender artesanato sozinha ou quase sozinha - sempre há a internet para ajudar - o que eu não gosto é de não ter um salário, hihihi. Por mais que se tenha um dinheirinho nunca é meu, eu sei das necessidades da minha casa, então não posso fazer o que me apetece. Não que me falte alguma coisa, não é isso, é que temos as coisas bem controladinhas e uma verbazinha a mais sempre ajuda.

Estou muito mais tranquila, aos poucos vou perdendo peso pq não posso me aventurar em regimes malucos e muito menos em exercícios físicos em demasia, devegar também se vai ao longe! Tentando manter a boca fechada para doces, e refris, já ajuda muito, caminhada leve quando não esta ventoso é de grande ajuda.

Muitas vezes penso em escrever, tenho a cabeça num turbilhão, mas quando sento-me a frente do pc, pronto, dá-me uma branca!!!

Inté!

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Tudo certo e nada resolvido!

No passado dia 19.02 foi realizada uma campanha para vêr possíveis doadores de medula compativeis comigo. Fiquei surpresa com algumas pessoas que apareceram por lá, nossa fiquei mesmo muito contente!

Na sexta tive consulta e estou a espera da resposta dos exames das minhas irmãs, a minha médica disse-me que ainda esta tudo por resolver, mas ela disse que há a possibilidade de não haver transplante, nem sei se fico contente ou preocupada com essa situação.

Queria adormecer e acordar no outro dia e achar que tudo não passou de um sonho.

Hoje estou sem "palpite" para escrever.

:(

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Nem sempre as notícias são boas!

Bem a tão esperada resposta chegou, vou precisar de transplante de medúla!!!!!

Oh meu Deus!!! Confesso que já estava a espera, mas não contava com a hipótese de ter que "depender" de outra pessoa, por que primeiramente se falou em auto-transplante, que é um procedimento relativamente simples, retira-se a minha medúla trata-se e depois volta para mim, as chances de cura são muito altas, e praticamente não há infecções. Mas agora veio a notícia de que preciso mesmo de doadores (dadores como se fala aqui em Portugal). Quando sai do hospital não conseguia dizer ao Júnior o que a médica tinha dito, só chorava e tremia, pode parecer exagero, mas eu sei e vi o que pode me acontecer nesta espera pelo doador, não é fácil, mas sobre isso vou falar num outro post.

A consulta não foi muito esclarecedora, por que para muitas perguntas não há resposta, mas sei que neste momento não tenho a doença e terminei um ciclo de quimio em Dezembro e por isso era melhor fazer logo o transplante. Pelo que eu entendi a minha médica quer esperar a doença voltar, por que ela vai voltar, tenho um factor genético que indica isso, mas não sabemos quando volta, pode ser semana que vem, como daqui a 6 meses, essa espera se justifica por que o transpante é como se fosse a última cartada, se jogam ela agora e a doença voltar novamente os médicos ficam com uma margem de manobra muito pequena e ai sim as coisas podem se complicar mesmo. Se demorar muito para o transplante terei que fazer mais quimio.

 É como viver com uma bomba relógio amarrado em você. Nisso a minha vida fica parada, não posso tentar arranjar trabalho, não posso estudar, enfim não posso dar um novo rumo, por que a qualquer momento tenho que voltar para o hospital.

Essa notícia caiu como bomba na minha vidinha relativamente reestruturada. Eu tomo um remédio antidepressivo para ajudar com essa fase e já tinha 15 dias que estava sem por conta das grandes alterações no fígado, eu estava bem, juro que estava bem!!! Esta semana para mim foi um verdadeiro inferno, nossa como eu fiquei brava, anciosa, com raiva, irritada, com vontade de sumir cada vez que alguém me perguntava se estava bem , ou me dizia que tudo ia dar certo. Sei que a intenção das pessoas é boa, mas me irrita, por favor NÃO me digam que no fim VAI TUDO DAR CERTO! Eu entendo e adoro o apoio de todos, mas não me digam mais isso. Reservei-me o direito de chorar até faltar ar, de ficar resmungona, de passar dias inteiros na cama e comer um monte de gomas, mas uma semana é mais que suficiente para ficar deprimida por uma notícia, agora de volta a vida.

Mas vamos falar dos doadores, neste momento as minhas irmãs estão no Brasil, vão fazer os testes de compatibilidade, elas tem 25% de chance de serem compatíveis comigo, se uma delas for teremos que esperar o bb nascer (as duas estão grávidas, vou ser tia de um Miguel e uma Isabel e estou muito feliz por isso), e só depois é que se pode fazer os transplante. Se elas não forem compativeis ai eu tenho que recorrer ao Banco de Medúla Internacional, que por sinal já foi acionado, a minha médica já me orientou no sentido de que este processo é longo e demorado.

Tenho muitos medo e receios!




Essa foi a cara da semana!!!!

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Por que me olhas assim?

Passado algum tempo, começo a analisar a reação das pessoas consoante a minha doença no dia eu e meu marido choramos muito, mas ele sempre disfarçou e nunca chorou perto de mim. Houve uma comoção geral, nem eu sabia que era tão querida, olhando por este lado foi mais que bom.

Mas houve situações que mexeram comigo, bem, primeiro vamos por etapas, quando internei levei aquele baque, depois descontrai e deixei as coisas fluirem, as vezes achava que nem estava acontecendo. Meu pai reagiu de forma engraçada, na primeira visita que fez ao hospital, ele chegou ao pé da minha cama, olhou para mim e falou assim, "filhinha do pai é tão nova pra morrer"....eu não sabia se ria ou chorava. A minha mãe ficou cusca, como dizem os portugueses, como no quarto nunca estamos só - são quartos com 4 camas - ela ia de cama em cama perguntando o que a pessoa tinha, o que já tinha feito, o que tinha sentido, e fazia mil perguntinhas ao meu marido. O meu filho acho que demorou mais a entender o que estava a se passar, teve umas duas crises de choro, e só melhorou quando eu sentei com ele perguntei, como você se sente?

Logo que sai do hospital depois do primeiro internamento fui a empresa a onde trabalhava, e as reações foram muito distintas, alguns, se esforçavam para disfarçar a cara de pena ou dó sei lá, outras simplesmente sorriram (acho que a minha careca reluzente da época interfiriu um pouco). Mas teve um colega que não conseguia olhar para mim e só chorava, juro que aquilo mexeu comigo. Tive amigos no Brasil que queriam vir para me vêr, recebi milhões de mensagens queridas, recebi e recebo muito apoio da familia, e principalmente dos meus portugueses do coração, eles são magnifícos.

Eu outro dia, estava conversando com o meu marido e comentamos sobre isso, eu disse a ele que achava que era anormal, por que sempre mantive o bom humor, nunca entrei em desespero e vou levando as coisas na boa, claro que tenho medo de morrer, sei que nesta doença não se pode falar em cura tão cedo, mas por mais apoio que tenha se eu não quiser lutar nada adianta. Confesso também que a espera do resultado do exame para saber se faço ou não transplante esta sendo um martírio, então vou aos poucos caminhando e tentando me distrair.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

"Deixa meu cabelo em paz!"

É engraçado quando as pessoas falam "não ligue, o cabelo cresce", eu penso, é você fala assim por que não é você que esta careca!!!! Afff.....

Sim, é complicado saber que se tem uma doença dessas e ainda mais quando o médico disse que só se pode falar em cura após 10 ou 15 anos sem recaída, tudo bem que uma gripe vira infecção de pulmão e você tem que voltar pro hospital e ficar mais 5 dias internada e quase passa o Ano Novo lá, tudo bem que estou parecendo uma peneira de tanto tentarem achar minhas veias, mas o cabelo, ah, esse é o pior sem dúvidas.

Quem me conhece sabe que sempre tive muito cabelo e que sempre foi cumprido, já pintei de várias cores, não gosto dele escovado ou com chapinha, mas de vez enquando ele era alisado. Eu amo meu cabelo.

Quando soube da doença perguntei logo se ia cair o cabelo, então cortei curtinho igual de homem para ir me acostumando, e logo caiu tudo, ai que desespero!!! Quando vim pra casa ficava me olhando no espelho e me achando esquisita, meu pai me chamava de kinder ovo, agora ele já esta crescendo, mas continua estranho.

É sobre ser mulher e se sentir feminina, eu sonhava muito que tinha o cabelo igual daqueles comerciais de tv sobre champô, quando tomo banho passo a mão na cabeça e o cabelo esta curtinho, mas tenho sempre a impressão de que ele esta grande.

A única coisa que posso fazer é esperar!!!!