sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Por que me olhas assim?

Passado algum tempo, começo a analisar a reação das pessoas consoante a minha doença no dia eu e meu marido choramos muito, mas ele sempre disfarçou e nunca chorou perto de mim. Houve uma comoção geral, nem eu sabia que era tão querida, olhando por este lado foi mais que bom.

Mas houve situações que mexeram comigo, bem, primeiro vamos por etapas, quando internei levei aquele baque, depois descontrai e deixei as coisas fluirem, as vezes achava que nem estava acontecendo. Meu pai reagiu de forma engraçada, na primeira visita que fez ao hospital, ele chegou ao pé da minha cama, olhou para mim e falou assim, "filhinha do pai é tão nova pra morrer"....eu não sabia se ria ou chorava. A minha mãe ficou cusca, como dizem os portugueses, como no quarto nunca estamos só - são quartos com 4 camas - ela ia de cama em cama perguntando o que a pessoa tinha, o que já tinha feito, o que tinha sentido, e fazia mil perguntinhas ao meu marido. O meu filho acho que demorou mais a entender o que estava a se passar, teve umas duas crises de choro, e só melhorou quando eu sentei com ele perguntei, como você se sente?

Logo que sai do hospital depois do primeiro internamento fui a empresa a onde trabalhava, e as reações foram muito distintas, alguns, se esforçavam para disfarçar a cara de pena ou dó sei lá, outras simplesmente sorriram (acho que a minha careca reluzente da época interfiriu um pouco). Mas teve um colega que não conseguia olhar para mim e só chorava, juro que aquilo mexeu comigo. Tive amigos no Brasil que queriam vir para me vêr, recebi milhões de mensagens queridas, recebi e recebo muito apoio da familia, e principalmente dos meus portugueses do coração, eles são magnifícos.

Eu outro dia, estava conversando com o meu marido e comentamos sobre isso, eu disse a ele que achava que era anormal, por que sempre mantive o bom humor, nunca entrei em desespero e vou levando as coisas na boa, claro que tenho medo de morrer, sei que nesta doença não se pode falar em cura tão cedo, mas por mais apoio que tenha se eu não quiser lutar nada adianta. Confesso também que a espera do resultado do exame para saber se faço ou não transplante esta sendo um martírio, então vou aos poucos caminhando e tentando me distrair.

1 comentário:

  1. Oi MI...eu minha mae lemos emocionadas...adoramos a idéia....continue nos mantendo enformada...estamos orando sempre por vc!
    BjOs fica com Deus!

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